Recuperação Judicial Não é Salvação: Falência de Empresas Pós-Processo Atinge Nível Recorde

A recuperação judicial, ferramenta criada para ser uma tábua de salvação para empresas em crise, está se mostrando cada vez mais um simples adiamento da falência. Um levantamento recente revela um dado alarmante: o volume de companhias que decretaram falência após terem passado por um processo de recuperação judicial atingiu um patamar recorde no Brasil, acendendo um forte alerta sobre a saúde financeira das empresas e a eficácia do próprio mecanismo legal.
Os dados, que compilam os resultados do primeiro semestre de 2025, mostram que o número de "convolações em falência" — termo técnico para quando uma recuperação judicial fracassa e é convertida em falência — disparou, superando os recordes de períodos anteriores. Isso significa que, mesmo após renegociar dívidas e obter a aprovação de credores e da Justiça, um número crescente de empresas não consegue cumprir o que foi prometido e acaba fechando as portas.
Diversos fatores se combinam para explicar por que tantas empresas estão falhando em se reerguer, mesmo com a proteção da lei:
- Juros Altos e Custo do Dinheiro: Talvez o principal vilão, o cenário de juros elevados torna o acesso a crédito e capital de giro caro e escasso, sufocando o fluxo de caixa essencial para a operação.
- Planos de Recuperação Otimistas Demais: Muitas vezes, os planos aprovados são baseados em projeções de faturamento que não se concretizam na realidade de um mercado estagnado, levando a metas inatingíveis.
- Problemas Estruturais Não Resolvidos: A recuperação foca em resolver as dívidas, mas nem sempre corrige as falhas de gestão, operacionais ou de mercado que levaram a empresa à crise em primeiro lugar.
- Desconfiança do Mercado: A empresa carrega o estigma de "quase ter quebrado", o que faz com que fornecedores exijam pagamento à vista e bancos fechem as portas para novos financiamentos, dificultando a operação do dia a dia.
Esse fracasso tem um efeito cascata devastador. Para os credores, o prejuízo é duplo, pois já haviam aceitado perdas no plano de recuperação e, com a falência, a chance de receber o restante se torna mínima. Essa realidade gera uma crescente desconfiança no próprio instituto da recuperação judicial, o que pode tornar credores mais resistentes a aprovar novos planos no futuro.
No fim das contas, o recorde de falências pós-recuperação é mais do que um dado estatístico; é um sintoma grave da fragilidade da economia brasileira. Ele mostra que a reestruturação financeira, por si só, não faz milagres quando o ambiente de negócios é hostil e que são necessários planos mais realistas para que as empresas possam, de fato, ter uma segunda chance.
Disponível em: https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2025/08/19/volume-de-empresas-que-faliram-depois-do-processo-de-recuperacao-e-recorde.ghtml. Acesso em: 06 ago. 2025.
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