Um Terço das Empresas em Recuperação Judicial Falha em Cumprir o Plano, Aponta Estudo

Um novo estudo trouxe à tona um dado que reforça a gravidade da crise enfrentada por empresas em dificuldades no Brasil. Cerca de 30% das companhias que estão em processo de recuperação judicial acabam tendo sua falência decretada, um número alarmante que expõe a fragilidade dos planos de reestruturação e a dura realidade do ambiente de negócios. A pesquisa, focada nos resultados do segundo trimestre de 2025, evidencia que a "segunda chance" oferecida pela lei muitas vezes não é suficiente para garantir a sobrevivência.
O processo de recuperação judicial foi desenhado para dar fôlego a empresas viáveis que passam por crises financeiras temporárias, permitindo que elas renegociem suas dívidas e continuem operando. Contudo, o alto índice de insucesso mostra que o caminho para sair do buraco é mais complexo do que parece. A conversão da recuperação em falência acontece quando a empresa não consegue cumprir as obrigações assumidas no plano aprovado por seus credores, demonstrando que sua capacidade de gerar caixa é insuficiente para honrar os compromissos, mesmo após a renegociação.
O estudo aponta uma combinação de fatores que contribuem para essa alta taxa de mortalidade empresarial, mesmo entre aquelas que já estão sob a proteção da justiça:
- Ambiente de Crédito Restritivo: Com a taxa de juros em patamares elevados, o acesso a novo capital — essencial para financiar a operação e os investimentos necessários para a virada — torna-se extremamente caro e difícil. Sem "dinheiro novo", a empresa não consegue sair da inércia.
- Otimismo Exagerado nos Planos: Especialistas apontam que muitos planos de recuperação são elaborados com base em projeções de mercado excessivamente otimistas, que não se confirmam. A empresa se compromete a pagar dívidas contando com um crescimento de receita que nunca chega.
- Degradação do Negócio: O próprio processo de recuperação judicial pode desgastar a relação da empresa com seus clientes e fornecedores. A perda de confiança dificulta a manutenção das vendas e a obtenção de insumos com prazos de pagamento favoráveis, estrangulando ainda mais a operação.
Esse cenário de fracasso representa um prejuízo em cadeia. Credores, que já haviam aceitado perdas substanciais no plano de recuperação, veem a chance de receber o restante do crédito desaparecer com a falência. Isso gera uma descrença no sistema como um todo, tornando as renegociações futuras ainda mais difíceis para outras empresas em crise.
A estatística de que quase um terço das recuperações resulta em falência é um sinal claro de que as dificuldades do ambiente econômico atual superam a proteção oferecida pela lei. Fica evidente que a reestruturação da dívida, isoladamente, não é capaz de salvar uma empresa se as condições macroeconômicas e os problemas estruturais do negócio não forem endereçados de forma eficaz.
Disponível em: VALOR.GLOBO. Acesso em: 09 ago. 2025.
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